Como em português, em alemão existe uma alternativa à voz passiva. Em português, devem distinguir-se quatro casos diferentes.
Primeiro caso: A alternativa à voz passiva é uma frase com um verbo reflexivo. Esta construção é muito comum em português, mas só funciona se a frase tiver um objeto direto. Se você comparar o verbo das frases a) com o verbo das frases b), notará que a construção alemã é completamente diferente. Na frase portuguesa há um sujeito que rege o verbo e portanto na frase a) o verbo está no singular e na frase b) o verbo está no plural. Não em alemão. O verbo não muda. Este tipo de alternativa não existe em alemão.
a) A casa foi vendida.
Vendeu-se a casa.
a) Das Haus wurde
verkauft.
Man verkaufte das Haus.
b) As casas foram vendidas.
Venderam-se as casas.
b) Die Häuser
wurden verkauft.
Man verkaufte die Häuser.
Olhe bem para o verbo. Na forma passiva a casa (das Haus), as casas (die Häuser) são os sujeitos da frase e regem o verbo. Nas frases na voz passiva não há diferença entre português e alemão. Mas nas frases alternativas há uma diferença. Em português, a casa e as casas são o sujeito da frase e regem o verbo. Não em alemão. Temos duas vezes a mesma forma (Man verkaufte) porque este "man" é, em ambas as versões, o sujeito da frase. "Man" é um pronome indefinido.
Segundo caso: A frase não tem sujeito. Se a frase não tiver sujeito, em português não é possível formar uma frase passiva. Neste caso, em português você tem que construir com se, mas isso não tem nada a ver com o pronome reflexivo se. Isto é simplesmente alguém. Em tal caso, em alemão é introduzido um sujeito artificial, "es".
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Falava-se muito.
Es wurde viel gesprochen.
Man sprach viel.
Devia-se ver a diferença.
ação completa: Man hat viele Bücher gelesen. <=> Leram-se muitos livros.
processo: Es wurden viele Bücher gelesen. <=> Liam-se muitos livros.
Terceiro caso: A frase tem um sujeito, mas este sujeito é um ser humano. Se o sujeito da frase passiva é um ser humano, a construção alternativa portuguesa é a mesma como no segundo caso e o sujeito não corresponde ao verbo, porque a frase podería ficar ambígua.
Chamaram-se chefes. => Os seus nomes eram chefes.
Chamou-se o chefe. => O chefe foi chamado.
No singular, a ambiguidade não pode ser evitada em português.
O chefe foi chamado.
Chamou-se o chefe.
Der Chef wurde gerufen.
Man rief den Chef.
Os chefes foram chamados.
Chamou-se os chefes.
Die Chefs wurden gerufen.
Man rief die Chefs.
Vemos que o verbo não muda, isto é, neste tipo de frase o chefe e os chefes não são o sujeito da frase. O se (ou o "a gente" coloquial) português corresponde, no segundo e no terceiro casos, ao man alemão.
Quarto caso: Se a proposição tem uma determinação adverbial, o sujeito hipotético "es" pode ser omitido. Em geral é omitido neste caso.
Es wird im Sommer geschwommen. <=> Im Sommer wird geschwommen.